Edição 316 19 de outubro de 2010
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Entre os dias 20 e 23 de outubro, acontecerá a “Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2010” (SNCT), no Hangar da Cidade Universitária. Durante o evento, o local, sede do Núcleo Interdisciplinar UFRJmar, vai abrigar oficinas interativas, prática de esporte e até um planetário inflável.
O objetivo é estimular a difusão dos conhecimentos e o debate sobre as estratégias e maneiras de se utilizar os recursos naturais brasileiros e sua rica biodiversidade com sustentabilidade. De diferentes maneiras, a SNCT permite à população conhecer mais sobre biodiversidade, saúde, cultura e tecnologia.
O tema de 2010, “Ciência para o Desenvolvimento Sustentável”, foi escolhido em homenagem ao ano Internacional da Biodiversidade. Para saber um pouco mais sobre a Semana e as reflexões que ela desperta, o Olhar Virtual entrevistou Andréa Lessa, coordenadora da tenda do Instituto Nacional de Tecnologia (INT).
Olhar Virtual: Como surgiu o tema da SNCT deste ano?
Andréa Lessa: Cada ano a gente elege um tema em função de datas comemorativas. 2010 é o ano Internacional da Biodiversidade. Depois de conversas com a comunidade científica, escolhemos o tema do “desenvolvimento sustentável”.
Olhar Virtual: O progresso da ciência e da tecnologia propiciou o surgimento das sociedades industriais modernas, que, por sua vez, aceleraram o processo de destruição ambiental. Nesse sentido, podemos dizer que a Ciência contribuiu para a degradação do meio ambiente?
Andréa Lessa: Eu acho que a gente paga o preço do progresso. Com menos informações no passado, nós destruíamos mais e não nos preocupávamos com o futuro das gerações futuras. É claro que a ciência trouxe várias melhorias na qualidade de vida; medicamentos e o aumento na expectativa de vida, por exemplo, foram possíveis graças a pesquisas da ciência e tecnologia. Entretanto, o preço pago por isso foi alto.
Na SNCT, queremos pensar formas transparentes, éticas e coletivas de aproveitar o que a Ciência tem a nos oferecer.
Olhar Virtual: Como o homem poderia ter utilizado a Ciência de forma que não afetasse a questão ambiental?
Andréa Lessa: Nós vivemos num mundo globalizado, mas somos diferentes. Logo, o que fazemos aqui afeta o mundo todo e vice-versa. Sabendo disso, a minha ação será executada de uma maneira ética e consciente, mas ao mesmo tempo combinada às novas formas de organização e gestão ambiental e econômica.
Olhar Virtual: Como a sociedade pode ser integrada nesse processo de desenvolvimento sustentável?
Andréa Lessa: Quando você aproxima ciência e tecnologia da sociedade, com, por exemplo, uma tenda em que todos podem entrar e saber o que está acontecendo, você divulga ações que as pessoas podem adotar no sentido do desenvolvimento sustentável.
Olhar Virtual: A comunidade científica mundial está preparada para lidar com esse desafio?
Andréa Lessa: Não. Algumas organizações, associações e, até, países estão olhando para isso de maneira muito mais presente, enquanto outros nem tanto. Como ainda temos muita pobreza, desigualdade e exclusão, alguns lugares se preocupam apenas com a sobrevivência em vez de olhar para o meio ambiente. Muitas vezes, a gente acha que a ciência e a tecnologia são trabalhos do outro (governo, universidade), não se sente parte da solução.
Olhar Virtual: Como eventos como a Semana de Ciência e Tecnologia pode auxiliar nesse processo?
Andréa Lessa: Através dos eventos da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, nós incentivamos a população a entender e a agir com o desenvolvimento sustentável. O principal objetivo é a mobilização, em especial de crianças e jovens, em torno de temas e atividades de ciência e tecnologia. Buscar mostrar a importância desses temas no cotidiano da população.
Olhar Virtual: Nesse sentido, qual a importância do evento que se inicia no dia 20, na UFRJ?
Andréa Lessa: A importância da UFRJ e seu reconhecimento nacional e internacional fazem com que ela tenha que assumir o papel de liderança neste debate. A universidade deve ser mais uma fonte de divulgação.