Edição 152 29 de março de 2007
A cada início de período, a universidade recebe milhares de novos alunos. As Semanas de Calouros tradicionais, organizadas de forma independente por cada Centro Acadêmico, contam com aulas-trote, brincadeiras, algumas de gosto duvidoso, que terminam com calouros pintados pedindo dinheiro pelas ruas para churrascos e choppadas.
Nos últimos anos, o número de atividade sociais nas Semanas de Calouros vêm crescendo e os Centros Acadêmicos de diversos cursos começam a desenvolver Trotes Solidários. A iniciativa pretende despertar a consciência ecológica dos futuros alunos e integrar universidade e sociedade com campanhas assistencialistas.
A experiência do Centro Acadêmico de Engenharia da UFRJ começou com um pequeno grupo de estudantes e parentes coletando lixo das praias do Fundão num sábado nublado e se tornou uma atividade regular dentro do calendário de ações solidárias organizado pelos alunos.
Para falar sobre Trote Solidário, o Olhar Virtual entrevistou o presidente do Centro Acadêmico de Engenharia da UFRJ, Jônatas Peixoto, que no início do primeiro semestre de 2007, organizou uma série de atividades para a recepção dos calouros, visando não só a integração dos alunos, mas envolver os estudantes em trabalhos sociais.
“Desde 2004, o Caeng realiza o Trote Solidário. Nosso Centro Acadêmico representa 5.000 alunos e pretende despertar o senso crítico para a consciência ambiental. As atividades cresceram nos dois últimos anos. A iniciativa deu frutos e, em março desde ano, já éramos 200 pessoas catando lixo.
O Contato com outros Centros Acadêmicos e a interação com todas as engenharias deu força política aos alunos e as atividades ganharam fôlego. Continuamos a oferecer aos alunos festas e churrascos, mas o foco nas atividades ambientais cresceu.
O papel do Caeng é orientar, agregar valor à formação, apresentando as iniciativas da universidade. Se o estudante quer estagiar na área ambiental, ele pode ir para Soltec, quem tiver interesse em emprendedorismo tem a Empresa Júnior.
Cursos como odonto, administração, medicina e enfermagem também aderiram ao Trote Solidário.
O Trote Solidário foi uma resposta aos trotes violentos. A engenharia era acusada de ter um dos trotes mais violentos e de estarem só voltados para festas. Hoje, o Trote Solidário recebe o apoio da Escola Politécnica e da Pró-Reitoria de Extensão. Nossa preocupação primeira é com o quintal de casa, com a melhoria do curso, os professores, instalações e também com o próprio Fundão.
Durante o ano, as iniciativas do trote têm continuidade, temos a campanha de doação de alimentos para uma instituição de caridade, o Projeto Recomeçar em parceria com o Hospital Universitário(HUCFF) e o Instituto de Puericultura e Pediatria, a coleta de sangue em parceria com o HUCFF e o Hemorio, a limpeza das praias do Fundão, a campanha de doação de leite para a Vila dos Funcionários e o Simpósio de Combate a Dengue.
As pessoas que participam dessas atividades começam a cobrar outras iniciativas e a querer participar novamente.
Na última edição do trote, além do plantio de mudas de árvores e da limpeza da praia, os calouros foram até a Vila dos Funcionários, maior foco de dengue do Campus, alertar os moradores sobre o risco da dengue e distribuir folhetos explicativos.
Em julho, está prevista para a Semana de Meio Ambiente do Centro de Técnologia, em que o Centro Acadêmico ficará responsável pelo plantio de mudas e a produção de mosquitoeiras, feitas com garrafas pet e desenvolvidas pela UFRJ, para controle da população de mosquitos da dengue.
Muitas das atividades de engenharia costumam ser poluentes, por isso a importância de falar de meio ambiente para futuros engenheiros.”