Edição 214 29 de julho de 2008
A produção científica do Brasil vem conquistando uma posição de destaque no cenário mundial. Segundo o último levantamento feito pelo Ministério da Educação (MEC), o país ocupa o 15º lugar no ranking internacional. A produção de artigos científicos por brasileiros alcançou o índice de 2,02%, superando países como a Suíça (1,89%) e Suécia (1,81%).
Diante do atual panorama de excelência na Pós-graduação brasileira, a pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa (PR-2) da UFRJ, professora Angela Uller, aponta desafios para o futuro da pós na universidade. Ela afirma que precisa ser elaborado um planejamento para identificar como será encaminhado o processo de renovação do quadro docente, que caminha à aposentadoria, tanto da Pós-graduação quanto da Graduação. É desta maneira que a pró-reitora acredita equacionar o déficit de professores.
Segundo a pró-reitora, a falta de docentes é preocupante nos programas de Pós-graduação de sucesso, notadamente os cursos 6 e 7, pontuação padrão de excelência estabelecida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). “Nesses cursos, é preciso manter a excelência, as pesquisas e o grau de motivação dos pesquisadores. Quando você vê programas em que mais da metade dos professores tem idade para se aposentar, assusta porque há uma incapacidade de a universidade rapidamente repor estes profissionais. Não podemos esperar que professores líderes de pesquisas se aposentem para começarmos a contratar outros. Os professores precisam ser contratados enquanto há a memória dos antigos pesquisadores”, explica Uller.
A PR-2 está pleiteando junto à Capes uma maneira de criar um programa nacional para os cursos 6 e 7, no qual o programa possa fazer a gestão dos recursos e ganhar algumas vagas para docentes. “Seria uma forma de administrar as aposentadorias na medida em que elas vão acontecendo”, destaca a pró-reitora.
No entanto, a carência de professores não é um problema que aflige somente os 29 cursos com conceitos 6 e 7 da UFRJ. Ele afeta também os cursos com conceitos 4 e 5. A pró-reitora afirma que há muitos cursos antigos e consolidados com conceitos 4 e 5 e que não podem perder qualidade. “A estimativa é que, para os próximos 5 anos, aproximadamente, 150 professores estejam em idade para se aposentar. Não significa, necessariamente, que eles vão se aposentar, mas que se quiserem, eles podem. É um direito que eles têm”, ressalta a pró-reitora.
Ela destaca ainda que, no programa de pós-graduação de Engenharia Biomédica da Coppe, por exemplo, há entre 5 e 7 professores em idade de aposentadoria. “Há programas em que a reposição ocorrerá em tempo hábil, em outros, não”, avalia.
A Capes exige que um programa de Pós-graduação funcione com, no mínimo, nove docentes.
A pró-reitora ressalta ainda que a alocação de vagas de docentes dentro da universidade é muito complexa, em função do pequeno quantitativo oferecido em relação ao número de unidades existentes. Outro fator destacado é que os cursos são os requerentes da vaga e não os programas de Pós-graduação. “Se o curso tem alguma carência, ele vai priorizar a Graduação. No entanto, às vezes, as demandas da Graduação em relação a áreas de conhecimento são diferentes da Pós-graduação. Acredito que os programas de pós também deveriam ter direito de pleitear vagas. Assim, o programa seria parte do processo”, enfatiza.
Atualmente, os cursos de pós-graduação strictu senso – cerca de 100, alguns ainda em fase de avaliação pela Capes – contam com, aproximadamente, 1.800 professores. Para a pró-reitora, o déficit será superado com a abertura de novas vagas.