Coordenadoria de Comunicação do Gabinete do Reitor - UFRJ www.olharvirtual.ufrj.br

Edição 317      25 de outubro de 2010


Zoom

Encontro Estadual discute a formação em Sociologia



Marcelo Dantas

Entre os dias 22 e 24 de outubro, o Laboratório de Ensino de Sociologia Florestan Fernandes (Labes) realizou o "2º Encontro Estadual de Ensino de Sociologia do Rio de Janeiro". O evento teve como objetivo estimular a reflexão e o debate entre os profissionais que atuam no ensino da Sociologia. Esta edição do encontro teve como o eixo temático "A Sociologia na Educação Básica: Dilemas e Perspectivas". Dentre os assuntos abordados estiveram a "Formação do professor de sociologia”, “O currículo de Sociologia na educação básica” e “O livro didático de sociologia”.
Esses assuntos foram abordados em três mesas redondas compostas por professores, além de grupos de trabalho e oficinas pedagógicas, onde os presentes puderam compartilhar experiências de ensino com a utilização do cinema, literatura, imprensa, música etc.

A primeira mesa-redonda contou com a participação das professoras Anita Handfas (UFRJ), Celi Scalon (UFRJ/Presidente da Sociedade Brasileira de Sociologia), Suelli Guadalupe Mendonça (Unesp) e Viviane Gonzalez Dias (Seeduc-RJ/Unicamp). No primeiro dia, o debate concentrou-se na divisão da formação do sociólogo em Licenciatura e Bacharelado.

Entre os debatedores, havia consenso de que a divisão era prejudicial aos graduados em Sociologia, na medida em que restringe as oportunidades de emprego e as possibilidades de atuação do sociólogo formado. Para a professora Viviane Gonzalez Dias, graduada pelo Ifcs, essa divisão é particularmente problemática desde o início: “o aluno, ao optar pelas Ciências Sociais, tem de escolher, ainda no vestibular, entre ser professor ou pesquisador sem nem fazer ideia do que realmente faz um professor ou pesquisador”.

Outro problema apontado pela professora refere-se ao caráter restritivo e artificial dessa divisão. Para Viviane, o professor de Sociologia “não só pode, como também deve ser um pesquisador constante”, pois precisa se atualizar e descobrir métodos que despertem o interesse e  facilitem a compreensão dos alunos. Também afirmou que a própria sala de aula é um ambiente muito propício à pesquisa social. Tomando seus alunos como grupo de estudo, a professora afirma que “ao mesmo tempo em que alcança resultados de pesquisa satisfatórios incentiva os alunos a participarem mais e terem maior compreensão sobre seu grupo social”.

A professora Suelli Mendonça deu continuidade ao debate argumentando que a divisão entre Licenciatura e Bacharelado na Sociologia gera uma hierarquização falsa na qual há superioridade do pesquisador sobre o professor. Para Sueli, “se faz um censo de que o papel do professor é sistematizar de forma superficial o conhecimento com fins didáticos. Porém, essa sistematização não é tão simples assim e exige amplo esforço teórico”. A professora também ressaltou a importância do sociólogo também portar-se como agente social, de “envolver-se nos processos e sociais e não só analisá-los”.

O debate foi inflamado pela intervenção de um espectador que, baseado em teóricos pós-modernos, alegou que “a Sociologia já está morta”. Em forma de consenso, os palestrantes argumentaram o contrário. Nas palavras da professora Celi Scalon, “só o fato de estarem ali debatendo o futuro dessa ciência, com o auditório cheio, já é sinal de vida na Sociologia”. 

Anteriores