Edição 335 27 de abril de 2011
Ilustração: João Rezende |
Na busca pela notícia, os meios de comunicação selecionam temas e abordagens atendendo a critérios que se ajustem às necessidades do público e aos padrões dos próprios veículos. Esses elementos de noticiabilidade se relacionam, por exemplo, pela proximidade dos órgãos de imprensa com os grandes centros urbanos e com o tempo de produção da notícia. No entanto, em matérias que reportam fatos sobre a Amazônia, tais critérios, ao invés de contribuírem, limitam os conteúdos apresentados sobre a região. Ainda que a floresta seja de grande importância para o Brasil e o mundo, as reportagens costumam abordar as questões de forma superficial.
Para Haroldo Mattos de Lemos, professor do Projeto de Engenharia Ambiental (PEA) da Escola Politécnia da UFRJ, a simplificação da forma como a floresta é mostrada pelo noticiário vem diminuindo, mas a cobertura ainda precisa ser qualificada. Segundo ele, “a Amazônia não é só árvore, água e problema”.
O grande destaque dado pela mídia sobre acontecimentos negativos faz parte de uma visão equivocada sobre a região, na avaliação do docente. Segundo o professor, tais aspectos são mais interessantes para a mídia, pois “buraco fechado não é notícia” e, portanto, “não se dá valor, por exemplo, ao fato de a área de floresta protegida vir crescendo desde o começo dos anos 90, mas, sim, aos problemas com a preservação”.
De acordo com Lemos, com o poder da mídia é possível avançar na preservação e na conscientização sobre o potencial real da região amazônica. “O que a imprensa deveria fazer é divulgar o valor da biodiversidade na Amazônia e o quanto seria burrice desmatá-la para obter lucro imediato com a venda da madeira, já que ela pode nos dar muito mais do que isso”.