Lançado no último dia 29 de maio, no Fórum de Ciência e Cultura (FCC/UFRJ), o livro A Filosofia do óbvio, escrito pelo professor Cláudio Costa Neto, do Instituto de Química (IQ), pretende, antes de tudo, lançar luz sobre questões próprias aos seres humanos e aos assuntos que os cercam.
O livro, fruto da maturidade de Costa Neto, é composto de pensamentos e conhecimentos variados, arregimentados, ao longo da vida, pelo professor. O docente elucida que a Filosofia do óbvio é “um modo de pensar e de conduzir as coisas que acontecem no cotidiano das pessoas da maneira como elas deveriam ser e acontecer naturalmente”. Ele afirma que, na maior parte das ocasiões, os indivíduos não seguem os caminhos triviais e acabam complicando a vida.
Em entrevista ao Olhar Virtual, Costa Neto conta os motivos que o levaram a escrever sobre Filosofia e esmiúça melhor a temática de seu livro. Confira.
Olhar Virtual: O que leva um professor de Química a escrever sobre Filosofia?
Filosofia, no sentido original da palavra como descrito por Pitágoras, é o amor, o gosto, a admiração pelo conhecimento, pelo saber, pois, como ele mesmo dizia, o saber só Deus tem. A nós cabe apenas amar esse conhecimento. Nesses contextos – o de amar, o saber – acho que todos nós – a maioria, pelo menos – somos filósofos. Em um sentido mais moderno que se tem dado à palavra – uma forma de levar ou de ver o mundo, a vida – é o que se atinge numa idade madura, independentemente de o indivíduo ser químico, médico, advogado ou ter qualquer outra profissão. Basta que se tenha atingido uma maturidade que permita que se passe a olhar e ver o que acontece no entorno, tirar dos fatos observados conhecimento conclusões etc. e, às vezes, como no livro A Filosofia do óbvio, registrá-los.
Olhar Virtual: O que seria uma Filosofia do óbvio?
Vou tentar reproduzir o que está dito no livro e repetido na orelha: "se filosofia é um modo de pensar a vida, a Filosofia do Óbvio é um modo de pensar e de conduzir as coisas que acontecem no cotidiano das pessoas da maneira como elas deveriam ser e acontecer naturalmente. E é só porque não é assim que as coisas são e acontecem que cabe uma Filosofia do óbvio”.
Olhar Virtual: No dia do lançamento do livro, o senhor comentou que o impulso para discutir a Filosofia do óbvio se deu porque as pessoas não seguem os caminhos triviais e procuram sempre complicar a vida. Como o senhor encara essa complexidade da vida? Esse é um fenômeno pós-moderno? Por quê?
Não acho que este seja um fenômeno pós-moderno. Acho que esta complexidade é mais uma característica da própria mente humana, muito rica em achar novos caminhos para fazer coisas que deveriam seguir um certo caminho, caminho esse que seria o óbvio.
Olhar Virtual: O livro cita exemplos do ato de tornar a vida complexa. Um bom exemplo é a relação entre a fala e a escrita. Segundo o senhor, as pessoas e a gramática não seguem a lógica do óbvio, uma vez que nem sempre o som corresponde à grafia e a grafia corresponde ao som. Que outros exemplos o livro traz?
Os vários ditos da Filosofia do óbvio, que constituem a parte inicial da primeira parte do livro, contém outros exemplos, como os jargões “pessoas diferentes são diferentes”, “as pessoas são como são”, “todo trabalho dá trabalho" etc. Mas é preciso ler o livro para entender bem o que estes ditos querem, de verdade, dizer.
Olhar Virtual: Qual o principal objetivo da obra?
Expressar esses pensamentos em letra de forma. Trazer a público maneiras de ver o mundo que talvez não estejam tão "óbvias" para as pessoas.
Olhar Virtual: A Química e sua experiência como docente lhe influenciaram a optar por escrever um livro sobre esse? De que forma se deu essa influência?
Em alguns aspectos sim. Em outros não. Por exemplo, os pensamentos que falam do “infinito das coisas e das idéias”, do “amor e o ódio das pessoas e dos átomos”, “ínfons, teses, silogismos e haikus” possuem a química embutida. Já outros como “justo é quando não falta nem sobra” e “amadorismo e profissionalismo” são frutos da idade madura.