“O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas”. O caput do artigo 218 da Constituição Federal de 1988 é bem específico na afirmação do papel do Estado em relação à ciência. Na perspectiva de desenvolvimento do país através do investimento em ciência, tecnologia e inovação, o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) criou um departamento de Difusão e Popularização da Ciência e da Tecnologia que tem sido responsável pelo desenvolvimento de políticas públicas para a divulgação científica à população. Com essa iniciativa, o panorama da área tem se modificado no Brasil, motivado pelos incentivos oferecidos pelas fundações brasileiras de amparo. Os reflexos dessas ações já podem ser vistos tanto nos Estados quanto nos municípios brasileiros.
A criação da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, por meio de Decreto Presidencial de 09 de junho de 2004, publicado no DOU de 11 de junho de 2004, seção I, foi uma das políticas implementadas para levar o conhecimento científico de forma inteligível à sociedade. Além dessa, outras ações foram instituídas pelo MCT, tais como: o desenvolvimento de programas e campanhas de inclusão social e a instituição de parcerias com emissoras de televisão e rádio estatais, privadas e comunitárias, a fim de desenvolver programas de divulgação científica.
De acordo com a diretora da Casa da Ciência, Fátima Brito, o atual momento é propício à expansão da divulgação científica. Porém, a falta de formação específica para divulgadores da ciência é um dos principais entraves à difusão e à popularização da ciência e da tecnologia. Fátima afirma que a demanda por cursos nessa área é muito grande e, geralmente, quem faz divulgação científica acaba aprendendo a executá-la na prática.
A diretora explica ainda que, quando se fala em divulgação científica, pensa-se automaticamente em jornalismo científico, que é apenas um braço no processo de divulgação.
Ela ressalta a existência de trabalhos de divulgação feitos pelos jornais impressos e onlines, além das revistas e programas de televisão. “Há uma inserção muito grande da ciência neste contexto. O jornalismo científico tem tido papel fundamental e é o que está mais estruturado. Atualmente, não há cursos de formação na área de divulgação científica. Este tipo de formação é um apêndice de cursos de História da Ciência ou de cursos que criam Mestrado e Doutorado em divulgação científica”, explica Fátima.
Outras formas de difusão e popularização da ciência estão contempladas no cinema, no teatro, nos livros, na Internet, na música, em palestras, em exposições e centros culturais. As diferentes linguagens utilizadas na divulgação científica permitem ao indivíduo escolher a forma que mais lhe agrada. Entretanto, na visão da diretora da Casa da Ciência, as informações chegam em massa à população através da televisão.
Para a diretora, o ideal seria mais ações em campos diferenciados para que as pessoas não só tivessem acesso às informações, mas também pudessem se apropriar de alguma das questões da pesquisa científica. Exemplificando, a diretora afirma que a epidemia de dengue que ocorreu no início do ano no Rio de Janeiro motivou cientistas a apresentarem seus estudos. “Se fizermos uma análise do material veiculado apenas nas emissoras de televisão, perceberemos que os pesquisadores ocuparam esse espaço para tirar dúvidas da população. Com isso, é possível perceber como a disseminação da informação é de extrema importância”, finaliza.