Adotar medidas para a redução de gases poluentes e desenvolver políticas concernentes à economia verde são as principais estratégias para evitar as consequências das mudanças do clima no planeta.
As ideias foram consensuais em um ciclo de seminários realizado na Coppe com especialistas da UFRJ e da Universidade de Tsinghua, da China. O evento teve como objetivo discutir oportunidades de cooperação entre os dois países frente aos problemas relacionados às mudanças climáticas.
Em um debate sobre tendências de emissão de gás carbônico em médio e longo prazos no Brasil e na China até 2020 e sobre a Economia Verde para o Brasil, o especialista chinês Zhou Jian realçou a decisão tomada pelos países emergentes ao propor metas de redução da emissão do gás, em especial os países ali representados. “Os Brics são líderes nas propostas de redução, sobretudo o Brasil e a China, que fizeram propostas fortes”, pontuou. A China, segundo Zhou, propôs reduzir entre 40 e 45% a emissão do gás poluente até 2020. O Brasil, por sua vez, apresentou uma proposta não menos radical: reduzir entre 36,1 e 38,9%.
O chinês destacou que, para seu pai,s é um desafio atingir a meta, porque a nação ainda “vive uma industrialização e urbanização intensas”. Um dos caminhos foi o estabelecimento de um plano quinquenal que estipulou reduzir em 16% o consumo de combustíveis fósseis até 2015. A incorporação de energias alternativas deve equivaler a 17% da matriz energética chinesa até o mesmo ano. “A mudança estrutural na economia da China envolve a criação de setores produtivos de baixo CO2”, informou.
A cooperação entre Brasil e China no desenvolvimento da economia verde, para Zhou Jian, é “prioritária”. A adesão a novos combustíveis, carros elétricos, eficiência na economia de energia e seu uso através de outras fontes, como a eólica e a solar, são algumas ações listadas por Zhou para os países aderirem a esse tipo de economia.
A secretária de Economia Verde do Estado do Rio de Janeiro e também professora da Coppe, Suzana Kahn Ribeiro, destacou que o assunto é uma “grande oportunidade”, ao contrário do que alguns países da ONU, segundo ela, consideram. “Há desinformação no que se refere à economia verde por parte de países desenvolvidos que tem receio de que isso possa ser uma barreira para o seu crescimento”.
Levar em consideração os ativos ambientais é um dos preceitos da economia verde. A docente faz outra recomendação: tratar o assunto como uma questão social. “Devemos criar mercado através dessa economia para contribuir para a erradicação da pobreza”, sugeriu. Esse ponto, segundo ela, será tratado na Rio + 20, conferência da ONU em Desenvolvimento Sustentável, que será realizada em junho de 2012 no Rio de Janeiro. “Cada país tem sua diversidade de problema, por isso devemos chegar a um consenso de como aplicar a economia verde em cada um”, disse, acrescentando que uma coalizão entre governos locais, “dado o tamanho” tanto do Brasil quanto o da China, se mostra mais eficaz para atingir os objetivos.
Uma das metas é o investimento em energia renovável, “um dos setores-chave da economia verde”, de acordo com a professora. “Temos tido um crescimento muito rápido nesse setor nos últimos anos. Deveríamos continuar seguindo essa ótica para assim obtermos uma projeção de liderança perante o mundo”, destacou.
Suzana Kahn encerrou seu seminário mostrando que a economia verde deve ser a “nova métrica de crescimento” e incorporá-la e quantificá-la no planejamento dos países. “Não há possibilidade de o mundo crescer como vinha até então. O que estamos tratando é o que está acontecendo no planeta. Não há mais opção: temos que crescer seguindo os preceitos da economia verde”.