É fácil perceber a perda de espaço da literatura diante de tantos estímulos em torno das crianças e dos jovens no mundo inteiro, como a internet e os jogos eletrônicos. O fenômeno faz com que a presença do professor como defensor das letras se torne cada vez mais necessária. É de olho nesse cenário que o livro Literatura infantil e juvenil na prática docente está sendo lançado pela MR Bens Editora E GR (2010). A publicação, voltada para professores do ensino fundamental ao superior, pretende discutir como o professor pode inserir, de forma agradável e interessante, a literatura no universo infantil. O livro, uma publicação que agrega vários autores, é organizado pelas professoras da Faculdade de Letras (FL-UFRJ) Georgina Martins, Rosa Gens e Leonor Werneck. Para saber mais sobre o assunto o Olhar Virtual conversou com a diretora adjunta de ensino do Colégio de Aplicação (CAP-UFRJ), Cristiane Madanêlo de Oliveira, e com a professora da Unigranrio, Cíntia Barreto, duas das autoras do livro.
Olhar Virtual: Como surgiu a ideia do livro?
Cristiane Madanêlo: Os autores que participam do livro participam também do curso de especialização ou das atividades organizadas pelo grupo que trabalha na atual sala Glória Pondé do projeto de Pós- Graduação de Letras Vernáculas, que está ligada a essa especialização de Literatura Infantil e Juvenil. Há muito tempo que temos muitas coisas para dividir e demanda por parte dos alunos de que se registre isso para que se possa citar coisas que dividimos nos momentos de aula, que são as nossas percepções do que está acontecendo na contemporaneidade na literatura infanto-juvenil. Assim, conseguimos juntar nossas impressões, cada um olhando para um aspecto dessa vertente da literatura.
Olhar Virtual: Qual o papel do professor na formação do leitor?
Cristiane Madanêlo: Tendo em vista que, no cenário brasileiro, temos muitos problemas quanto à questão do livro e da leitura, acho que o professor é fundamental no sentido de mostrar que a leitura e a literatura são elementos importantes na vida de crianças e jovens. Hoje em dia, os pais não sabem o que escolher e o professor se torna o mediador que indica o livro, uma boa leitura e uma profundidade textual, para que os novos leitores sofistiquem esse olhar estético e apurem o gosto pela leitura.
Olhar Virtual: Como as sagas juvenis influenciam e atuam junto a esse público?
Cristiane Madanêlo: Quando a pessoa começa a ler, ela começa a ler de tudo. Todo mundo, em algum momento, já leu esses textos na sua formação e são textos que a pessoa não guarda mais, não diz que sua influência é do livro x ou y. O indivíduo acaba apurando e tendo como referência outra leitura, mas alguma vez já esbarrou com isso. É uma forma de leitura. A gente quer que as crianças leiam e, se elas têm fôlego para ler uma saga com tantas páginas e volumes, essa é uma forma de começar no mundo das letras. O problema é se a gente ficar só nisso, porque acaba sendo mais do mesmo.
Cíntia Barreto: Acho importante ressaltar que é bom que as crianças leiam esses livros, pois elas já vêm com um apelo de mídia. Mas creio que temos que ter um apelo desse jeito para literatura brasileira também, já que os canais são muito direcionados e falta esse apelo para a nossa literatura. Falta essa mídia aberta, introduzir nas novelas, jornais.