Ponto de Vista

Instituto de Química cria mecanismos para minimizar evasão

Christina Miguez – Assessoria de Imprensa do Instituto de Química

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Evasão de alunos na Licenciatura em Química da UFRJ? Essa é uma realidade prestes a deixar de existir. No Instituto de Química, responsável pelo curso, o aluno que recém-ingressou na Graduação terá maiores chances de enfrentar suas dificuldades com as disciplinas da grade curricular porque vai contar com o auxílio de um professor orientador acadêmico que o acompanhará por todo o curso.

Mais recentemente, em agosto último, o Instituto de Química também passou a oferecer o curso de Especialização em Ensino de Química, lato sensu, com 21 alunos matriculados – todos eles já professores – que, a partir de fevereiro de 2010, após o haverem concluído, estarão melhor capacitados para dar suas aulas nas escolas de nível básico e de nível médio. Estas são algumas das iniciativas acadêmicas que têm contribuído para melhorar o perfil do professor de Química. A professora. Cássia Curan Turci, diretora do IQ, trata do assunto neste “Ponto de Vista”:

Olhar Virtual: O MEC está prestes a instituir, por decreto, o Sistema Nacional Público de Formação dos Profissionais do Magistério, que vai procurar estimular o ingresso e a permanência de professores na carreira do magistério, além de aumentar o número desses profissionais, com formação superior, nas instituições públicas. Os investimentos previstos são da ordem de R$ 1 bilhão, e o governo está buscando sugestões. O curso de Licenciatura em Química do IQ teria alguma sugestão para encaminhar ao MEC?

O Instituto de Química quer ajudar neste processo através da formação continuada de professores e criando oportunidades para que outros profissionais, fora dos grandes centros, tenham a oportunidade de estudar. Para isso, diferentes ações estão sendo tomadas, como por exemplo, a abertura de uma turma do curso de Licenciatura em Química em Macaé a partir de 2008/1. Um outro ponto é o início da Pós-graduação lato sensu de Especialização em Ensino de Química, em 2008/2, e que tem como público alvo professores dos ensinos Fundamental e Médio que queiram se aperfeiçoar. Temos como objetivo, em médio prazo, transformar esta Especialização em um Mestrado Profissional em Ensino de Química. Como sugestão ao MEC, seria importante a criação de mecanismos para valorizar o professor que se dedica a um ensino de qualidade, essencial para estimular estas ações. Não podemos nos esquecer que a Universidade é Ensino, Pesquisa e Extensão, todos igualmente importantes. Nossos governantes ainda não entenderam bem isso.

Olhar Virtual: A Capes, antes restrita ao Ensino Superior, está responsável hoje também por incentivar a formação de professores para atuar na Educação Básica. Para 2009, o Programa de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) teve o seu orçamento ampliado de R$ 39 milhões (2008) para R$ 95 milhões; enquanto o Programa de Consolidação das Licenciaturas (Pró-docência) aumentou sua verba de R$ 3 milhões (2007) para R$ 5 milhões (2008), estando previstos R$ 11 milhões, em 2009. Qual é a participação do Instituto de Química nesses Programas?

O Instituto de Química participa dos dois programas: 1) No Pró-docência, produzindo alternativas curriculares que contribuam tanto para a melhoria da formação dos futuros professores, quanto para maiores reflexões acerca das reformas curriculares dos cursos de Licenciatura. Introduzimos em nosso currículo a disciplina Química na Escola (I a X), fundamental para a formação de nossos estudantes de licenciatura. Com esta disciplina o licenciando, entra em contato com a escola do Ensino Básico desde o primeiro período do curso, atividade orientada de maneira integrada por professores do Instituto de Química e da Faculdade de Educação. A Prática de Ensino, outra disciplina de nosso currículo, também é importante para este projeto. 2) No caso do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, PIBID-CAPES, elaboramos um projeto em parceria com cursos de licenciatura em Matemática, Ciências Biológicas, Física e História. Os objetivos principais deste Programa contemplam o incentivo e a valorização de professores para a educação básica, bem como a integração entre o licenciando e o profissional de ensino, e vem acrescentar uma contribuição importante na preparação do aluno para a vida e ao acesso ao mercado de trabalho.

Estas iniciativas podem fazer a diferença no dia a dia dos nossos discentes e trazer uma oportunidade única de conhecer projetos, idéias e propostas que valorizam a sua formação profissional. Além disso, este Edital está perfeitamente adequado ao PCNEM (Parâmetro Curricular Nacional para o Ensino Médio), que tem por objetivo auxiliar os educadores na reflexão sobre a prática didática em sala de aula e servir de apoio ao planejamento de aulas e ao desenvolvimento do currículo escolar e aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), e à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394, de 1996). O projeto que encaminhamos tem como principal objetivo oferecer apoio às escolas do Ensino Médio da rede pública do Rio de Janeiro. Os conteúdos programáticos serão preferencialmente integrados em módulos inter, trans ou multidisciplinares, sempre com o propósito de desenvolver no educando a capacidade de aprender a aprender.

Olhar Virtual: Recentemente, com base em dados do MEC de 2005, um jornal carioca noticiou que 34% dos alunos que ingressavam nos cursos de licenciatura não cumpriam o curso no tempo previsto. Em Química, a evasão atingia 52%. Qual a situação da Licenciatura em Química da UFRJ em relação à evasão de alunos?

Não sei se você se refere a um jornal para o qual dei uma entrevista, e eles noticiaram exatamente o contrário do que eu disse. Vieram falar comigo com uma idéia pré-concebida e, por mais que eu mostrasse nossos números, pareciam não entender que este não é o caso de nosso curso. A nossa evasão está diminuindo e isto pode ser visto pelo aumento do número de colações de grau ao longo dos últimos anos. Veja os números.


    2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008/01
    20 23 32 30 39 42 41 21

Atribuo a isto a mudança em nossa matriz curricular, a melhoria de nossa infra-estrutura (biblioteca, salas de estudos etc.) e, principalmente, a deficiência de professores de Química em nosso país, o que aumenta a oferta de empregos. Outro fato importante foi a implementação do curso de Especialização em Ensino de Química, uma Pós-graduação que atenderá, principalmente, aos nossos licenciados.

Olhar Virtual: O aluno tem dificuldades em acompanhar o curso? Por quê? Quais medidas a Direção do IQ tem tomado, ultimamente, para resolver tal questão?

As dificuldades são aquelas de qualquer outro curso. No início, temos uma turma muito heterogênea, principalmente porque o ensino médio no Brasil varia muito em função da escola. Não deveria ser assim. Passados os primeiros períodos a turma começa a ficar mais homogênea. Uma ação importante é a orientação acadêmica. Os nossos alunos são acompanhados por um professor durante todo o curso. Isto tem ajudado muito, principalmente nos casos mais críticos. Uma boa estrutura de biblioteca, informática, salas de aula e introdução de novas metodologias de ensino, ajudam a despertar no aluno a vontade de terminar o curso. Não podemos esquecer os projetos de bolsas da UFRJ. Hoje, por exemplo, a monitoria, é um sucesso e nossos alunos participam com o maior entusiamo.

Olhar Virtual: O fato de o IQ alojar, a partir de junho de 2001, o seu curso de Licenciatura – até então vinculado à Faculdade de Educação – melhorou o desempenho dos seus professores e alunos?

A parte burocrática ficou muito mais fácil. As decisões são tomadas em nível de IQ e o estudante está muito próximo do coordenador e da Secretaria Acadêmica. De qualquer forma, o Instituto de Química e a Faculdade de Educação mantêm um dialógo frequente, fundamental para o êxito de nosso curso de licenciatura.

Olhar Virtual: Mais recentemente, a UFRJ passou a facultar a seus alunos graduados no curso de “Química com Atribuições Tecnológicas” a possibilidade de retornarem ao Instituto e cumprirem também o curso de “Licenciatura em Química”, inscrevendo-se apenas nas disciplinas necessárias e obtendo assim dois diplomas. E vice-versa para os da Licenciatura. Qual a vantagem para este jovem profissional? O mercado de trabalho terá condições de absorvê-lo?

Acho uma iniciativa muito importante para os nossos estudantes. Amplia as opções para o mercado de trabalho. Além disso, nossos cursos têm como ponto comum uma base forte em química. Assim, os alunos dos dois cursos facilmente complementarão a sua formação e poderão atuar em diversos segmentos do mercado de trabalho: Ensino, Pesquisa, indústria e outros.