Ilustra: Caio Monteiro |
Muito se fala dos avanços na área das telecomunicações nos últimos anos, sobretudo das facilidades proporcionadas pela internet. Entretanto, no Brasil, milhares de pessoas não podem usufruir dessas facilidades. Para corrigir essa defasagem, o Governo Federal está elaborando o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), um conjunto de medidas que tem como objetivo oferecer acesso à internet de alta velocidade a preços acessíveis em todo o território nacional. Mas para que o plano efetivamente entre em vigor, muitos aspectos precisam ser acertados, como a cooperação entre os ministérios das Comunicações, Planejamento e da Fazenda, bem como que se estabeleçam acordos entre os setores público e privado.
Marcos Dantas, professor da Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ, esteve presente, no início de fevereiro, em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para debater o assunto. Segundo ele, ainda há muito que se discutir. “Primeiramente, a importância de se adotar um projeto desse porte é que a internet, diferentemente da televisão e do rádio, permite que os usuários tenham acesso a infinitos canais de informação e tenham absoluto controle do que irão assistir, na hora e da maneira que quiserem, sem ficarem presos a uma grade de programação decidida por um reduzido número de emissoras”, explica.
Reativação da Telebrás
O anúncio do presidente Lula de que o governo pretende reativar a Telebrás aumentou a discussão em torno do plano, principalmente depois que as empresas privadas prestadoras de serviço se mostraram contrárias à medida. “Naturalmente, a reativação da Telebrás não agrada às operadoras privadas de serviços de telecomunicação. Mesmo que a estatal atue somente na regulação e prestação de serviços, apenas em áreas que as empresas não oferecem banda larga, elas se sentem perdendo áreas de futura atuação”, aponta. Outra questão a ser enfrentada é que a atuação de uma empresa estatal na área de telecomunicações permite que o governo obtenha informações de mercado, de usuários e de custos sem intermediários, fazendo com que as empresas privadas sofram maior controle na maneira como oferecem seus serviços.
Porém, como afirma Dantas, “não se pode assegurar que a reativação da Telebrás conseguirá cumprir o dever de levar internet banda larga de maneira eficiente aos lugares de mais difícil acesso”. O alto custo de implantação de uma rede de banda larga é questão ainda a ser equacionada, devido à complexidade de sua estrutura física em ruas e prédios residenciais.
“Outro aspecto a ser considerado é a necessidade de grande número de profissionais qualificados, tanto para implantar a rede quanto para operá-la, e que o governo não possui experiência nenhuma em gerir uma empresa de prestadora de serviço nessa área”, esclarece. De acordo com Dantas, uma alternativa a tal problema seria a contratação do serviço de empresas privadas que já atuem na área para implantar a rede e operar o serviço, como fez o governo do Estado do Rio de Janeiro para disponibilizar rede WiFi em determinados pontos do estado, como na orla da Zona Sul, na capital e em algumas localidades da Baixada Fluminense.