Quando se fala sobre natureza e preservação ambiental no Brasil, a Amazônia sempre recebe destaque. Por mais que ela necessite de atenção especial devido à sua extensão e riqueza de recursos, há que se reconhecer que, de uma forma geral, as florestas brasileiras estão sob séria ameaça. Os problemas são muitos: não há fiscalização adequada, as leis de proteção ambiental são mal aplicadas e estão defasadas, os latifundiários avançam cada vez mais sobre áreas demarcadas, e o desmatamento, apesar de os índices oficiais haverem indicado sua queda, contribui de forma implacável para a destruição daquilo que já está em perigo.
Tomaz Langenbach, professor do Instituto de Microbiologia da UFRJ, diz que estamos presenciando um conflito entre movimentos de preservação e expansão da fronteira agrícola em áreas como a Amazônia e o cerrado. Para ele, a floresta precisa de uma abordagem extrativista que a respeite. A solução seria, no caso das localidades desmatadas, o aumento de sua produtividade, evitando assim que mais árvores sejam derrubadas para dar lugar a lavouras e pastos.
Langenbach também frisou a necessidade de se mudar as estratégias governamentais em relação ao desmate de áreas de preservação. “O Estado brasileiro tem mostrado total incapacidade de controlar por fiscalização o desmatamento”, observou. A política de desvio da expansão da destruição das matas, segundo o professor, deveria estar baseada em medidas coercitivas e restritivas, mas ao mesmo tempo apoiada por facilidades que ajudassem a concretizar o objetivo desejado. Ele acrescentou ainda que o esforço deve ser direcionado para o controle do desmatamento e das queimadas, bem como para o desenvolvimento de novas formas de energia.
No que diz respeito aos grandes centros, uma estratégia é reduzir sua expansão a fim de poupar os ambientes vizinhos. Para Langebach, os investimentos em locais onde a população já está instalada deveriam ser cada vez menores, direcionando-os a locais onde ela pode se acomodar com melhores condições de vida. Outras abordagens possíveis são a intensificação do saneamento básico - notadamente o tratamento de esgoto -, redução do gasto de energia e diminuição da poluição atmosférica, causada em parte pelo transporte urbano.
Por exemplo, a Mata Atlântica, que já ocupou grande parte do litoral brasileiro, hoje a área mais intensamente povoada do país, está relativamente estável no estado do Rio de Janeiro, informou Langebach. Em algumas regiões já há inclusive a restauração da degradação através do aumento de áreas florestadas. Segundo ele, isso demonstra que as instituições locais de controle ambiental estão atuando com certa eficiência e contam com a consciência ambiental da população.
E a mídia? Ela tem feito o seu papel quanto a essas questões? “Em muitos casos ela é omissa”, ponderou Tomaz, “mas neste atuou com muita intensidade e hoje é uma voz poderosa na proteção ambiental”.