Análise da cena do crime, estudo de trajetória de tiro, análise de DNA, reconstituição de um crime, estudo de medicina legal, são alguns dos focos estudados no curso de Ciência Forense Aplicada à Investigação Criminal desenvolvido por professores do Instituto de Química, da Faculdade de Direito e do Instituto de Biologia da UFRJ juntamente com pesquisadores da Fiocruz com apoio da Fundação de Amparo á Pesquisa do Rio de Janeiro (FAPERJ). Para um dos coordenadores do curso, o professor do Instituto de Química da UFRJ, Claúdio Cerqueira Lopes "o crime é multidisciplinar, e a investigação não pode ser diferente". E é com essa visão que o programa traz conceitos de diversos cursos acadêmicos para a ciência criminalística. Participam como alunos pessoas da inteligência da secretaria de segurança pública, da policial civil, polícia militar, policia judiciária da marinha e da perícia criminal do exército.
O professor Lopes diz que trazer o curso para o público de diferentes cargos dentro da polícia civil e militar e também para as forças armadas é uma tentativa de familiarizar a sociedade com essa prática. Ele argumenta, "A investigação criminal no Brasil ainda não atingiu um status de cultura.", e completa, “O que há ainda, são práticas medievais sustentadas pela inércia do poder público e também pela falta de mobilidade da sociedade.”.
A primeira matéria apresentada aos alunos é a medicina legal, pois mostra dentre outras coisas, a importância de preservar o local e o corpo da vítima. Segundo o professor Lopes, “No Brasil, a cultura de preservação do cadáver e da sena do crime ainda é fraca”. Ele explica que essa prática facilita a constatação de provas científicas que atestem a culpa ou a inocência de um suspeito. "Provas não científicas podem comprometer o papel da justiça", justifica.
Também ligadas às ciências biológicas, a Genética Molecular é ministrada no curso, e mostra diversas ações que podem implicar na resolução de um crime.Como o estudo das larvas encontradas num cadáver, que por consumirem o tecido do corpo, podem contar material genético da vítima, ou a comparação de larvas e fungos encontradas na sola de um sapato com as larvas e fungos de determinado lugar, comprovando que o suspeito esteve nesse lugar, dentre outras coisas.
O conteúdo do curso valoriza a comprovação científica de evidências através de análises em laboratórios e uso de mecanismos inovadores que aproximem as conclusões de um crime da certeza. Por exemplo, o Luminol, uma substância desenvolvida pelo professor Lopes e o laboratório de síntese e Análise de Produtos Estratégicos da UFRJ (Lasape) para identificar a presença de vestígios de sangue remanescentes na sena de estudo. Nesse sentido a pesquisa científica e o desenvolvimento de novas tecnologias surgem para descartar, ou diminuir a dependência de táticas obsoletas da ciência forense.