Foto: Marco Fernandes |
Quem não gostaria de sair do trabalho ou da aula para comprar alimentos frescos, sem agrotóxicos e diretamente dos produtores, por preços mais baratos do que os encontrados no mercado tradicional? Para a comunidade acadêmica da UFRJ, essa possibilidade pode se concretizar em breve, com o projeto do Restaurante Universitário (RU) para organizar uma feira agroecológica semanal no campus.
Na última terça-feira (13/4), representantes do RU e agricultores de várias partes do Estado do Rio de Janeiro se reuniram, durante a “Oficina sobre produção agroecológica e orgânica”, realizada no Centro de Ciências da Saúde, para definir detalhes da iniciativa. A ideia é que a feira aconteça todas as quintas-feiras, das 10 às 16 horas, no jardim do RU Central, localizado ao lado do prédio da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD).
“Haverá uma feira piloto, no próximo dia 29 de abril (uma quinta-feira), para testar, principalmente, o horário. Os agricultores estão receosos quanto a isso. Depois desse teste, avaliaremos os resultados juntamente com os produtores rurais. Não sabemos ainda quanto tempo vai durar o período de avaliação, mas, depois dele, a feira passa a ser semanal”, explica Nádia Pereira, nutricionista à frente do projeto do Restaurante Universitário da UFRJ.
No total, sete associações de agricultores de diversas partes do Rio de Janeiro — entre elas Região Serrana, Tanguá, Nova Iguaçu, Valença e Magé — estão envolvidas no projeto. A UFRJ cederá a esses produtores as barracas e o espaço da feira, além de veicular informações acerca dos produtos comercializados no local. Em contrapartida, os agricultores se responsabilizam pelo transporte dos alimentos até a Cidade Universitária.
Preço em conta
Por serem vendidos diretamente pelo agricultor, os produtos agroecológicos sairão a um preço mais acessível do que no mercado tradicional. “Geralmente, o senso comum acredita que o alimento agroecológico é mais caro. Em alguns lugares isso, de fato, acontece por conta da presença de atravessadores. Mas aqui o consumidor comprará diretamente do produtor”, diz Nádia.
Mas esse não é o único ponto positivo da feira. De acordo com a nutricionista, a iniciativa é válida também por oferecer alimentos livres de agrotóxicos e que, por isso, possuem maior teor de minerais e vitaminas e cor, sabor e cheiro mais apurados. “São alimentos que não utilizam química, não contaminam o ambiente, nem o consumidor. Além disso, a comercialização gera renda direta para o pequeno produtor. Não queremos apenas vender o alimento mais barato, mas, sim, fazer o nosso público perceber a importância social e ambiental desses itens.” Preocupada com a sustentabilidade, a equipe do RU sugere aos frequentadores levar as próprias sacolas.
O objetivo inicial do RU da UFRJ era produzir toda a alimentação do local com itens agroecológicos, mas, por conta da pouca oferta desses produtos, isso não foi possível. Essa meta, entretanto, ainda consta nos planos dos gestores do restaurante. Como passo inicial, está previsto que o RU do Centro de Tecnologia (CT), previsto para inaugurar em agosto deste ano, sirva, um dia da semana, saladas feitas exclusivamente com alimentos orgânicos.
Mais que um restaurante
Além da feira, o Restaurante Universitário possui outros dois projetos que o transformam numa iniciativa que vai além da oferta de alimentação para a comunidade acadêmica da UFRJ.
O primeiro deles está relacionado à interdisciplinaridade que o local deseja promover. Para tanto, ele abre as portas para que vários cursos da universidade desempenhem atividades e pesquisas, o que vem conquistando parcerias. Os cursos de Microbiologia, de Educação Física, de Nutrição, de Fonoaudiologia e de Engenharia são alguns dos que já mantêm vínculos com o RU.
Além disso, o RU inaugura um modelo de gestão diferenciado com a empresa terceirizada que prepara e serve as refeições. Para cumprir esse objetivo, a equipe do restaurante oferece, por exemplo, aulas de Dança de Salão para os funcionários terceirizados. “A gente percebe que o modelo atual não é ideal. Como ‘Academia’, podemos ser diferentes. As normas devem ser cumpridas, mas também podemos melhorar algumas questões que a empresa não consegue atender, principalmente aquelas ligadas ao diálogo com seus recursos humanos”, conclui Nádia.