Pesquisadores da universidade e da Coppe/UFRJ estão desenvolvendo uma tecnologia capaz de identificar o tipo de fibra muscular predominante em cada indivíduo. A técnica pode ser importante para determinar se um atleta deve ser velocista — terá um desempenho melhor quem apresentar mais fibras rápidas — ou maratonista — que seriam beneficiados com uma predominância de fibras lentas, que demoram mais tempo para atingir a fadiga muscular.
Diante do que foi dito acima, indagações como "Até que ponto esse tipo exame contribui para o esporte?”, “Contribuições desta natureza podem macular os sonhos e comprometer o rendimento de um atleta?” e “Qual a exatidão desta tecnologia?”, começam a surgir. Visando esclarecê-las, o Olhar Virtual conversou com Ruth Cohen, professora adjunta da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD/UFRJ).
Olhar Virtual: A seu ver, que contribuição esse tipo de tecnologia oferece ao esporte?
Ruth Cohen: Sob o ponto de vista científico parece útil às competições desportivas.
Olhar Virtual: Ela pode contribuir para o fim dos sonhos de um futuro atleta? (ex.: um rapaz que sempre sonhou em ser maratonista, faz o exame e descobre que sua musculatura não é a mais favorável. Ele não ficaria desiludido?)
Ruth Cohen: Mais forte que um impedimento físico é o desejo do atleta. Os obstáculos sempre existem na vida, mas para o desejo não há barreiras. O esforço, o empenho, podem substituir uma dificuldade fisiológica, portanto é importante que se priorize o fator subjetivo. O exame não deve ser fator de impedimento para uma escolha. Alguém pode ter a habilidade e não ter empenho, o que não garantiria um bom resultado. A desilusão virá se este fator for determinante para a carreira do atleta.
Olhar Virtual: O rendimento de um atleta pode vir a ser comprometido caso o resultado do exame não seja favorável?
Ruth Cohen: Sim, ele precisa acreditar em suas possibilidades mas, se de antemão fica definida sua limitação, esse conhecimento pode prejudicá-lo.
Olhar Virtual: A senhora acredita na exatidão de tecnologias como essa?
Ruth Cohen: Não tenho como julgar o que não conheço. Apenas dou meu parecer sobre o aspecto psíquico, mas que não pode também ser generalizado pois, cada sujeito reage de forma única às situações impostas pela vida.
Olhar Virtual: Há necessidade de que todo maratonista ou velocista faça esse exame?
Ruth Cohen: Depende como isso é feito. Se vai ajudá-lo no treinamento sem desmotivá-lo, pode ser aplicado. O treinador terá papel importante na transmissão de mensagem dada ao atleta. Poderá deixar claro que esse fator não será determinante para o seu desempenho.