Ponto de Vista | ||||||||||
23.11.2004 | ||||||||||
Acordos Comerciais entre Brasil e China | ||||||||||
Rafel Vargas | ||||||||||
De olho no gigantesco mercado de bilhões de consumidores da China, o governo brasileiro e o de outros países querem expandir as exportações para o país que vai sediar as Olimpíadas em 2008. O desenvolvimento da economia da República Popular da China acelerou quando o governo comunista decidiu abri-la às nações capitalistas. O Brasil está envolvido em várias negociações importantes, como a Alca e a OMC, além do projeto de integrar o Conselho de Segurança da ONU, reformulado e ampliado. Fernando Cardim de Carvalho, professor do Instituto de Economia da UFRJ, vê com bons olhos o estabelecimento das relações com a China para o projeto político e econômico internacional do Brasil. “Fazer frente às pressões dos países desenvolvidos, como os Estados Unidos e os participantes da União Européia, exige uma mobilização conjunta dos principais países em desenvolvimento, como o Brasil, a África do Sul, a China, a Índia e, possivelmente, a Rússia. O Mercosul é pouco para dar ao país uma projeção maior no cenário internacional. A China, no entanto, é talvez o país mais complicado dessa lista, do ponto de vista comercial, já que ela é uma concorrente, mais que um complemento da economia brasileira, como, de qualquer economia. Eles são também negociadores duros e exigentes. Será uma relação muito delicada, com certeza, construir uma aliança política sem pagar um preço excessivo em termos de comércio”, afirma Fernando Cardim. A grande discussão,
na assinatura de acordos comerciais entre os dois países, surgiu
ao governo brasileiro reconhecer a China como uma economia de mercado,
o modo pelo qual os processos de dumping (concorrência desleal)
são fundamentados. Numa economia de mercado, o dumping se define
como a cobrança de preços, por um produto, inferiores aos
praticados na própria economia doméstica, indicando a intenção
de conquistar um mercado, para depois explorá-lo monopolisticamente.
“Pelas regras internacionais, é preciso provar uma acusação
de dumping com dados dos mercados locais. Como a China não é,
realmente, uma economia de mercado, os preços locais também
não são bons indicadores do custo real de uma mercadoria.
Assim, algo pode estar sendo exportado por preços excepcionalmente
baixos, isto é, abaixo do custo e estar sendo vendido também
no mercado interno nas mesmas condições. Assim, fica muito
mais difícil provar a prática de concorrência desleal”,
ressalta o professor do Instituto de Economia. |
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