Íntegra
do texto da professora Márcia Junqueira, da Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo
A
poluição urbana ainda é um problema presente
nas grandes cidades, como o Rio de Janeiro. Apesar da maioria ter
consciência de que o lixo pode ocasionar sérias doenças,
o carioca não tem o costume de jogar o lixo no seu devido
lugar. A professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU),
Marcia Junqueira, que atualmente está organizando uma exposição
com o tema “Lixo Zero”, no prédio da Reitoria,
em parceria com o professor Enéas Valle (EBA), faz ponderações
a respeito da limpeza urbana e a identidade com a coisa pública.
Segundo a professora, não há uma identidade do usuário
em relação ao espaço público. “Muitos
argumentam que a casa é a casa, a rua é a rua, e quem
deve tratar da rua é a Prefeitura”. A questão
da limpeza demonstra que o espaço público não
é compreendido como uma extensão do privado.
A violência urbana reforça esta separação:
“estamos cada vez mais nos fechando em condomínios
segregando o espaço privado do público com grades
e muros”.
“Nós vivemos numa sociedade do desperdício”,
afirma Junqueira. Na civilização pós-industrial,
o produto é feito numa quantidade cada vez maior com uma
duração cada vez menor, induzindo ao desperdício.
Soma-se a isso o tratamento predatório dos recursos naturais,
baseado na falsa idéia de que tais riquezas sejam inesgotáveis.
“As pessoas só tomam consciência dos problemas
quando se vêem diante de uma crise, pois enquanto têm,
gastam”, enfatiza Márcia Junqueira.
Por outro lado, não adianta desenvolver uma campanha de conscientização
se não houver uma estrutura institucional capaz de apoiar
e dar alternativa para que o cidadão jogue o lixo no lugar
adequado.
No curso de arquitetura e urbanismo está sendo realizado
um trabalho de reutilização do lixo, visando aproveitar
os recursos de forma mais racional. “Estamos pensando na questão
da arquitetura ecológica e no desenvolvimento sustentável”
diz professora Márcia. Ela acrescenta que, após a
ECO 92, passou-se a ter uma referência ambiental, que não
mais se restringe a ecologia: “O meio ambiente envolve a questão
social, econômica, de trabalho e de qualidade de vida”
.
Márcia conclui que junto à informação,
tem que haver participação. Não adianta informar
se o cidadão se sentir isolado. Ele tem que estar envolvido
de alguma forma, pois assim, terá uma nova relação
e uma nova consciência.“Informação mais
participação leva à cidadania, que é
um processo contínuo”.
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