No último dia 28
o reitor da UFRJ, prof. Aloísio Teixeira, compareceu à
transmissão de cargo, no MEC, do novo ministro da Educação,
Tarso Genro, em substituição a Cristovam Buarque,
demitido por telefone durante uma viagem.
Durante uma sessão extraordinária do Consuni (Conselho
Universitário da UFRJ), o prof. Aloísio comentou sua
ida à Brasília e explicitou suas expectativas e temores
sobre o novo ministério, principalmente o papel que a universidade
deverá assumir durante a tão esperada reforma universitária,
anunciada pelo ministro Tarso Genro.
"O episódio da mudança do ministério,
nas circunstâncias em que se deu, parece confirmar meu temor.
Não me refiro apenas à forma como foi feita a substituição
do ministro, que foi de uma indelicadeza e violência, talvez
sem precedente na história republicana do país, mas
também a alegação para a troca do ministro.
Segundo o Governo, haveria necessidade do ministério ser
ocupado por alguém que não tivesse relação
com as universidades e fosse capaz de resistir ao corporativismo
dessas instituições”, afirmou o reitor.
Aloísio deixa claro que não faz nenhum julgamento
prévio sobre o ministro Tarso Genro,por considerá-lo
um político sério, de excelente trajetória
política. "É uma pessoa da maior dignidade e
respeitabilidade, que é aceito nas negociações
políticas e que se dispõe ao diálogo.”
Entretanto, ao receber os reitores em seu gabinete foi enfático:
“Reforma não se faz de dentro para fora e, sim, de
fora para dentro”. O ministro constituiu um grupo de trabalho
chamado de "Grupo Duro da Reforma" para definir o processo
constituinte da reforma universitária, visando definir os
temas, procedimentos e prazos pelos quais a reforma será
implantada. Tarso também afirmou que esse processo será
comandado pelo Ministério da Educação, sendo
esta sua principal função à frente do MEC.
Segundo Aloísio, a reforma passará por uma desoneração
do Estado no financiamento da universidade, ou seja, haverá
um teto fixo de financiamento público para as universidades
federais, sendo o restante do financiamento adquirido por outros
meios possíveis, o que reafirma os seus temores. “Acho
que a estratégia que o ministério adotará será
uma estratégia de ‘cerco das cidades pelos campos’,
porque eles vão mobilizar a sociedade civil para impor a
reforma que lhes parece adequada”, completa o professor.
Não criticando os colegas reitores de outras instituições,
Teixeira afirma que há um certo despreparo para a luta na
forma como ela vai se colocar, não bastando os argumentos
que as universidades vêm utilizando nos últimos dez
anos. Ao alertar que a UFRJ deve se preparar para enfrentar a reforma,
ele completa: “É preciso disputar esse terreno. Não
vamos apenas alegar os grandes feitos e contribuições
que a universidade já deu no passado, não podemos
somente reafirmar os nossos princípios éticos democráticos,
mas sim atualizar os nossos argumentos para uma discussão
que será fortemente pesada ao longo desse ano de 2004. Não
podemos ficar na defensiva.”
|