Trabalhar ao
lado dos carnavalescos mais renomados do carnaval carioca; viver
o dia-a-dia dos barracões; transformar simples desenhos em
esculturas gigantes que estarão na Sapucaí e agitarão
o público presente no maior espetáculo do mundo. Desde
outubro, é isso o que fazem 28 estudantes da Escola de Belas
Artes da UFRJ. Eles passaram num concurso promovido pela Universidade
e a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (LIESA)
e agora têm a oportunidade de aprender novas técnicas
e pôr em prática nos barracões os conhecimentos
da sala de aula. A professora Helenise Guimarães, coordenadora
do projeto e pesquisadora de Carnaval há 20 anos, avalia
que essa é uma oportunidade ímpar, pois, além
de os alunos estarem trabalhando num ateliê gigantesco, eles
também convivem com pessoas de uma realidade social completamente
diferente da deles. “Eles rompem barreiras”, diz.
No barracão da Mangueira, trabalham as alunas Joana Borges
e Débora Vogel. Para Joana, a experiência vem servindo
para colocar em prática o que estuda e fazer contatos com
os carnavalescos. Para Débora, o mais valioso é ver
um desenho em escala pequena se transformar em realidade. Ambas
passaram por várias áreas dentro do barracão,
e produziram adereços, esculturas e agora começam
a trabalhar nos famosos carros alegóricos.
O premiado carnavalesco Max Lopes, gosta do trabalho das universitárias.
“Elas acrescentam jovialidade e trazem idéias. E o
trabalho aqui na Mangueira é bom para elas porque trocam
o conhecimento didático que têm pelo conhecimento prático
das outras pessoas que trabalham no barracão”.
Durante o trabalho no barracão, que vai até depois
do carnaval, os alunos apresentam relatórios e são
acompanhados pela professora Helenise e pelos professores Aldecir
Carvalho, Samuel Abrantes e Hélio Viana, do Museu Nacional.
O trabalho vem dando certo e revela talentos. Alunos de anos anteriores
chegaram a ser contratados pelas escolas, como é o caso de
Nelson Andrade. O aluno Klayton Eller, que trabalha na Grande Rio,
já tem bagagem de carnavalesco e foi tricampeão do
carnaval em Nova Friburgo.
Para trabalhar, os alunos recebem da LIESA uma bolsa auxílio
de um salário mínimo e cumprem uma carga semanal de
20 horas de trabalho. Até hoje, a Liga só fechou convênio
com a EBA, porque acredita na competência, seriedade e talento
dos alunos da UFRJ.
Uma boa notícia para os alunos da EBA: o convênio tem
duração de cinco anos. Até o Carnaval de 2009
haverá concursos anuais para selecionar novos estagiários.
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