Charles Pessanha
Professor de Ciências Políticas do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais

"A realização dos Jogos Pan Americanos é um empreendimento que requer parceria entre os diferentes níveis do setor público. A constituição de 1988 instituí no Brasil  um sistema federativo trino envolvendo a União, os Estados e os Municípios.

Nesse caso específico, embora a coordenação dos trabalhos fique com a municipalidade, torna-se necessária a participação da União e do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Isso vem acontecendo, mesmo sabendo que cada um desses entes federativos são chefiados por políticos pertencentes a diferentes partidos que, para o bem da democracia, devem mesmo competir.

Por isso mesmo, é natural que cada um dos setores queira chamar a atenção do público para sua contribuição. Na verdade, essa competição pode ser entendida também como um exemplo de responsividade e de prestação de contas do recurso que está sendo utilizado."

Ney Wilson Pereira da Silva
Professor de Judô da Escola de Educação Física e Desportos

"Há dois pontos importantes a serem destacados. O primeiro é o significado que a realização dos Jogos Pan-americanos de 2007 tem para a cidade, deixando um legado para ela em termos de instalações, melhorias que beneficiarão toda população. Esta seria também a visão do lado social dos jogos. Há também o lado esportivo, que deixa uma grande herança, pois alguns desportos, que antes eram desconhecidos, vem alcançando projeção, além das instalações esportivas e centros olímpicos.

Os governos federal, estadual e municipal mostra vontade em participar e liberar recursos. No entanto, quando sentam à mesa para discutirem, há divergências causadas pelos seus diferentes interesses. O atual momento político é complicado e muitas vezes os interesses políticos se sobrepõem aos interesses da realização do evento, da união que necessitaria dos três poderes para que pudesse chegar aos jogos sem tropeços ou atrasos de obras, o que comprometeria uma possível candidatura aos próximos jogos olímpicos.

É preferível acreditar que o atraso nas obras não comprometam a realização dos jogos. No entanto, alguns eventos-testes, que acontecem antes do Pan-americano, estão sendo comprometidos porque o andamento das obras não estão dentro do cronograma previsto inicialmente. Um exemplo é o caso do mundial de basquete que teve que ser transferido da cidade do Rio de Janeiro para outra cidade em função do atraso.  Existem outras modalidades que também passarão pelo mesmo problema, no entanto, isso traz mais prejuízo sob o aspecto da organização.

Apesar de todos as dificuldades nos bastidores do Pan, sem dúvida, o legado da população, a imagem que vai ser levada do Rio de Janeiro será positiva para a cidade".